6G antecipa demanda futura do metaverso em XR
Teles, governos e marcas já estão em fase de pesquisa e desenvolvimento das redes avançadas 5G (5G-Advanced) e da sexta geração para suportar crescimento de dados e processamento
Teles, governos e marcas já estão em fase de pesquisa e desenvolvimento das redes avançadas 5G (5G-Advanced) e da sexta geração para suportar crescimento de dados e processamento
Sergio Damasceno Silva
2 de março de 2022 - 9h14
Uma das características principais do Mobile World Congress (MWC) é apontar tendências. No médio e longo prazos. Enquanto o tema central desta edição é o desenvolvimento de modelos de negócios nas crescentes redes 5G pelo mundo, alguns movimentos já indicam a próxima geração, que abrange tanto a quinta geração avançada (5G-Advanced) quanto a 6G. No ano passado, os grandes temas que envolveram a transformação da tecnologia móvel foram a 5G e o metaverso. Como a dinâmica de redes móveis é tão rápida quanto as velocidades dos padrões, agora já se fala no 6G, com o metaverso, como drive de inovações. Nessa transição, está a 5G-Advanced. Isso faz parte do planejamento da indústria no longo prazo, até 2030. Mas, como existe demanda por saltos tecnológicos, o que deve ocorrer primeiro, até 2025, é a evolução da 5G para 5G-Advanced. E tem a ver com a transformação do empreendedorismo digital alavancado, sobretudo, pelo esforço da Meta de Mark Zuckerberg com o metaverso.
A maior parte das teles, segundo a GSMA, já espera inovações da 6G para entregar performance avançada da 5G e uma em cada dez já direciona pesquisa e desenvolvimento para a 6G. Conforme o planejamento para a evolução de meio termo da 5G, ou 5G-Advanced, espera-se que, por volta de 2030, a 6G comece a se materializar. Isso pode parecer exercício futurístico, mas as redes, conforme a demanda por dados aumenta, têm que pensar no próximo passo para atender o consumo e, principalmente, criar infraestrutura para que novos consumos apareçam. No caso da 5G e 5G-Advanced, têm muito a ver com a internet das coisas (IoT) e com as redes RAN (que conectam os celulares à internet e os dados à nuvem). E com as inovações de inteligência artificial (IA) sobre as redes RAN (RAN IA). Conforme observa o head do GSMA Intelligence, Peter Jarich, se as redes 5G servem ao propósito de atender à demanda crescente de uso de dados, também já se preparam para a capacidade de cobertura para atender as demandas de metaverso que já estão próximas. Nesse caso, a 5G-Advanced servirá para dar suporte a aplicações de metaverso em aplicações de realidade estendida (RX) de forma mais profunda. Que se desenvolverão plenamente na 6G.
Lógica da indústria
Fato é que a indústria se move conforme essa lógica. Com a adoção da 5G em alta, a Samsung deu uma pequena demonstração de como seria um mundo 6G. em evento no final do ano passado. “Já iniciamos a pesquisa 6G com a meta de comercialização por volta de 2030”, confirmou o vice-presidente sênior corporativo da Samsung Electronics, Sunghyun Choi, na Samsung Developer Conference. As redes 6G se desenvolverão em 2030, disse, baseado na lógica que novos padrões de rede são introduzidos a cada 10 anos (a 5G foi lançada em 2019, na Coréia do Sul e a 4G foi lançada em 2010). A comercialização da 5G começou em abril de 2019 e 162 operadoras implantaram rede em 68 países, com 389 milhões de assinantes no primeiro trimestre deste ano. A 6G envolverá um caldeirão de redes fixas e sem fio tradicionais e redes não terrestres, que incluem satélites e redes de mobilidade aérea urbana estabelecidas para veículos aéreos não tripulados e drones. “A 6G deve estar disponível em todo o mundo, do Pólo Sul ao Pólo Norte, sem interrupção do serviço”, afirmou Choi. Na apresentação, o executivo da Samsung destacou a experiência de realidade virtual totalmente imersiva e as interações de holograma completo como possíveis aplicativos para dispositivos 6G. Esses aplicativos, em padrões de alta resolução 4K ou 8K, começarão a ser executados em 6G. Já ass velocidades de transferência de dados em 6G precisarão atingir o pico de 1 Tbps (terabits por segundo), que é 50 vezes maior que o 5G. A latência precisará ser de 100 microssegundos, o que é 10 vezes melhor que o 5G. A rede 6G será fortemente focada em facilitar a comunicação entre 500 bilhões de dispositivos, incluindo carros, eletrodomésticos e robôs, que devem estar conectados até 2030. Algumas empresas já oferecem software de código aberto e padrões de hardware comuns, como OpenRAN, pelos quais máquinas e servidores em rede podem se comunicar facilmente. Isso ajudará na criação de redes 6G mais rápidas e econômicas.
EUA prepara novo leilão
Nesta terça-feira, 1º., a presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC, equivalente à Anatel brasileira), Jessica Rosenworcel antecipou que o próximo leilão de espectro de banda média nos EUA ocorrerá em julho de 2022, justamente para começar a planejar a 6G agora e desenvolver políticas de gestão de espectro mais inovadoras.
“Estou animada em anunciar que os EUA realizarão outro leilão de espectro de banda média. Em julho, iniciaremos o leilão da banda de 2,5 GHz. Esta é a maior faixa de espectro contínuo de banda média que temos abaixo de 3GHz. As ondas de rádio disponíveis neste leilão ajudarão a estender os serviços 5G além das cidades mais populosas”, disse Rosenworcel. “Se aprendemos alguma coisa com nossa experiência de implantação da 5G, é que o serviço sem fio é importante para a segurança econômica e nacional”, afirmou Jessica.
Em outro passo no sentido de limpar espectro e pensar no futuro, a francesa Orange pretende eliminar progressivamente as redes 2G e 3G em sua área de cobertura entre 2025 e 2030, como parte dos esforços para desviar o espectro para 4G e 5G e priorizar investimentos em tecnologias de rede de próxima geração. A operadora planeja implementar o processo de encerramento em duas fases: na França, onde a cobertura 3G nacional é historicamente superior à cobertura 2G, a Orange desativa sua rede 2G até o final de 2025, enquanto o 3G será desativado até o final de 2028. O diretor de tecnologia e inovação do Orange Group, Michael Trabbia, disse que a eliminação gradual de tecnologias herdadas, como 2G e 3G, permitirá que a operadora “se concentre na construção de redes à prova de futuro, resilientes, automatizadas, com eficiência energética e otimizadas. “Esse foco em maximizar a eficiência de nossas redes também contribuirá para reduzir nossas emissões de carbono e nos ajudará a cumprir nossas metas de sustentabilidade de nos tornarmos ‘zero líquido’ até 2040”, projetou.
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