Crise de chips afeta indústria e operadoras pedem garantias
Efeitos da escassez devem ser sentidos por pelo menos dois anos e operadoras buscam assegurar cadeia de produção
Efeitos da escassez devem ser sentidos por pelo menos dois anos e operadoras buscam assegurar cadeia de produção
Taís Farias
28 de fevereiro de 2022 - 14h46
Desde o último ano, diversos setores vêm enfrentando os efeitos da crise global dos microchips, ou semicondutores. Em dezembro, um levantamento realizado pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abnee) indicou que 70% das empresas do setor que utilizam os componentes estão enfrentando algum tipo de problema. A falta dos microchips tem gerado atraso nas entregas e até paralisação parcial das linhas de produção. O mercado de automóveis é outro exemplo desse movimento. Segundo a consultoria BCG, em 2021, a indústria mundial perdeu entre 10 e 12 milhões de carros, que deixaram de ser produzidos por conta da falta dos semicondutores. Só no Brasil, seriam 300 mil unidades a menos.
Uma série de fatores ajudam a explicar a escassez de chips ao redor do mundo. O primeiro deles é a pandemia da Covid-19 e o avanço desigual da vacinação, que atingiu parte das etapas de produção, como o sudeste asiático. Somam-se a isso outros fatores como a disputa comercial entre China e Estados, em 2020. Na época, o então presidente Donald Trump restringiu a venda de chips nacionais para alguns compradores chineses, o que fez com que empresas do país estocassem semicondutores.
Em paralelo, os produtores vinham focando seus esforços na fabricação de chips mais elaborados, como os necessários para equipamentos 5G e servidores. No entanto, com o início da pandemia, houve um crescimento na demanda por hardwares e novos equipamentos, já que a população precisou lidar com o trabalho remoto.
Dúvidas rondam o mercado sobre quando a crise dos semicondutores terá, de fato, um fim. A Deloitte prevê que a escassez dure até o início de 2023 e que, ao final deste ano, a espera por chips seja de 10 a 20 semanas. Em uma entrevista à CNBC, no fim do ano passado, o CEO da Intel, Pat Gelsinger, concordou que os efeitos da crise serão sentidos por pelo menos dois anos. Já uma análise da JPMorgan avalia que a situação deve melhorar ainda no segundo semestre de 2022.
Na manhã desta segunda-feira, 28, o assunto foi tema de discussão no Mobile World Congress. De acordo com o product manager da TCL Communication, Patrick Power, uma das primeiras exigências que vem sendo feitas pelas operadoras para os potenciais fornecedores são evidências de que as mesmas possuem garantia da cadeia de fornecimento dos chips. “Estamos trabalhando duro nos bastidores para garantir aos nossos consumidores o fornecimento de aparelhos móveis que tenham uma firme cadeia de suprimentos para chips”, afirmou o executivo.
Na ocasião, a TCL apresentou sua nova gama de dispositivos com tablets e smartphones para o mercado europeu. Quem também aproveitou o evento para anunciar lançamentos foi a Nokia. A companhia exibiu três novos modelos para a linha Nokia C-Series, com smartphones de baixo custo que estão sendo promovidos pela longa duração da bateria e durabilidade.
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