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Robôs e fraudes: o lado perigoso da inteligência artificial

Avanço tecnológico abre novos caminhos para a publicidade digital, mas também traz alerta a respeito de segurança e privacidade

Bárbara Sacchitiello
28 de fevereiro de 2019 - 7h47

(Crédito: Reprodução)

Não há dúvidas de que o mapeamento exato da jornada do consumidor e o armazenamento preciso de seus rastros no ambiente digital serão elementos transformadoras na maneira como a publicidade cria mensagens para conectar marcas e pessoas. Diante de uma nova era de circulação de informação e conexão de meios, os dados já servem como bússola para que anunciantes e agências compreendam o anseio de seu público-alvo e tenham mais oportunidades de atingi-lo de maneira direcionada e relevante.

Em meio a essas oportunidades, a indústria, no entanto, também terá diante de si o desafio de, nesse ambiente caótico de tráfego de informações, garantir a segurança e a privacidade das pessoas com as quais interage. A valorização da mensagem publicitária segura na era da inteligência artificial foi tema de um dos painéis do Mobile World Congress neste ano, que acabou enveredando para uma constatação não muito animadora: embora as novas regras e leis de proteção de dados garantam uma navegação mais segura, a inteligência artificial não será capaz de eliminar as fraudes, robôs e alguns dos problemas de cybersegurança.

A premissa foi defendida por Jay Benach, head de estratégia da empresa se segurança digital White Ops. O profissional contou que, quando sua empresa foi criada, em 2013, a demanda dos anunciantes era pelo desenvolvimento de uma tecnologia que detectasse bots (robôs) e os impedissem de entrar em seus sistemas. A White Ops, então, dedicou-se ao desenvolvimento de um sistema de proteção para sanar essa questão e hoje, seis anos depois, muitas marcas acreditam que a esfera digital em que trafegam está blindada. “Isso está totalmente incorreto e a maior prova é o fato de o FBI ter descoberto, em dezembro do ano passado, o maior esquema de fraude em publicidade digital da História dos Estados Unidos”, disse Benach.

O executivo se refere à rede criminosa denominada 3ve, que criava páginas falsas para angariar anúncios de empresas por meio de mídia programática. De acordo com a investigação da polícia americana, a fraude teria sido responsável por desviar US$ 36 milhões de investimentos em publicidade online entre os anos de 2014 e 2018. “A sofisticação da inteligência artificial nos permitirá ter mais segurança em relação às operações e tráfego de dados, mas não será capaz de resolver o problema de forma definitiva. Um bot precisa apenas do acesso a uma parte pequena do sistema para acessá-lo de forma completa”, alertou.

Para as agências de publicidade, o desenvolvimento das ferramentas de inteligência artificial terão possibilidade maior de detectar fraudes. Ainda assim, transparência e responsabilidade extra no uso das informações dos consumidores continuam sendo itens fundamentais. “Temos ainda mais responsabilidade de ser transparentes com nossos clientes e consumidores. O uso da inteligência artificial está trazendo novos modelos de experiências que podemos pesquisar, explorar e construir. Como iremos personalizar e direcionar essas mensagens dependerá dos objetivos da marca e do produto e, se conseguirmos fazer isso de forma segura e criativa, os resultados poderão ser brilhantes”, pontuou Adam Power, chief experience officer da Tribal Worldwide em Londres.

CEO global da M&C Saatchi Performance, James Hilton, que também participou do painel, defendeu uma união da indústria da publicidade em relação ao tema da segurança digital. “Venho há 15 anos nesse evento e nunca ouvi e vi tantas mudanças prestes a acontecerem como agora. Vivemos em um mundo muito fluido e o que fazemos hoje é totalmente diferente do que fazíamos há 15 anos. Por isso, seria importante que toda a indústria trabalhe em conjunto para controlar esse problema de segurança, embora acho praticamente impossível pensar que podemos elimina-lo completamente”, destacou.

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