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MWC 2022: mais modesto e sem a Rússia

Mas a economia baseada na indústria móvel continua em expansão e, até o ano passado, girou recursos de US$ 4,5 trilhões no mundo

Sergio Damasceno Silva
28 de fevereiro de 2022 - 9h48

Nesses dois anos de pandemia, é evidente que a conectividade móvel emergiu como meio essencial para a economia de empresas e pessoas, inclusive pelo fato de marcas e usuários permanecerem em contato mesmo sob circunstâncias de distanciamento social e para preservar a segurança. Claro que, a esta altura, muitos países já relaxaram muitas medidas contra a pandemia. Em Barcelona, por exemplo, o uso de máscaras está liberado nas ruas, mas é exigido em locais fechados e, ao acessar o Mobile World Congress (MWC), é possível pegar gratuitamente a máscara apropriada para acessar o evento. Se as pessoas não estiverem com as máscaras-padrão como a PFF2 ou N95, são impedidas de entrar.

No maior evento móvel do mundo, que tem muitas mudanças em relação à última edição integralmente presencial, de 2019, o maior contraste com aquele ano é a presença: há muito menos público (espera-se que, durante os quatro dias, 60 mil pessoas passem pelo MWC, ante os 110 mil de 2019). Ao longo da Fira Barcelona, que já chegou a lotar completamente os oito pavilhões e realizar o 4YFN (evento de apoio e financiamento de startups que ocorre dentro do MWC, como parte integrante do Mobile World Congresso) em outro espaço físico, a 10 minutos do local, a edição deste ano está modesta. São sete pavilhões e muito menos volume de público entre esses espaços.

O governo da Catalunha, da qual Barcelona é a capital, espera atrair, até o fim do MWC, cerca de 240 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão). Na comparação, a edição de 2019 atraiu recursos para a região na ordem de 473 milhões (cerca de R$ 2,7 bilhões).

A Catalunha lida com seus próprios conflitos, como o separatismo do governo central espanhol. Toda edição, e neste ano não está diferente, há vários grupos de protesto pela liberdade da Catalunha, tanto no espaço de entrada do evento quanto pela cidade, inclusive com panelaços de protesto contra a presença do rei Felipe VI. O rei esteve em Barcelona neste domingo, 27, para presidir o jantar oficial e inaugurar o Mobile World Congress 2022. A agenda do rei foi cheia: retorno após a superação da Covid-19, na qual testou positivo no início deste mês, início do conflito Rússia-Ucrânia e abertura do MWC. Semana passada, Felipe VI presidiu o Conselho de Segurança Nacional convocado urgentemente pelo primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, quando da invasão russa do território ucraniano, fato que afeta, de forma econômica e política, o MWC. Já no jantar de abertura, alguns políticos da Catalunha se recusaram ao “beijo de mão” do rei, gesto que já ocorreu na edição do não passado do MWC e que, para os investidores internacionais presentes no evento, é visto com má vontade.

A GSMA, que organiza o MWC, em nota, afirma condenar veementemente a invasão russa da Ucrânia. “A situação está se movendo rapidamente e entendemos que vários governos estão considerando sanções mais amplas contra a Rússia. À luz desta situação emergente e considerando a trágica perda de vidas, o MWC parece irrelevante nestas circunstâncias. O MWC é um evento unificador com a visão de convocar o ecossistema móvel para progredir de maneiras e significa que a conectividade pode garantir que as pessoas, a indústria e a sociedade prosperem”, diz a nota. Por ora, a GSMA eliminou o pavilhão russo do evento e garantiu a constante revisão da segurança no local.

Mercado crescente
Afora os problemas políticos da Catalunha e da Europa, com a guerra entre a Rússia e Ucrânia, a mobilidade continua em expansão: já são 5,3 bilhões de pessoas, ou cerca de dois terços da população mundial, que estão conectadas a serviços móveis. Até 2025, calcula-se que mais 400 milhões de assinantes se juntarão a essa base, ou seja, serão 5,7 bilhões de conexões, ou 70% da população global.

Até o ano passado, a economia móvel – que inclui tecnologia e serviços – girou recursos de US$ 4,5 trilhões no mundo e deve crescer cerca de US$ 400 bilhões e chegar aos US$ 5 trilhões até 2025. Estima-se que, até 2030, a atualização para as redes 5G adicione US$ 600 bilhões anuais à economia global.

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