Infraestrutura vira tendência e abordagem de 5G é criticada
No fim do quarto e último dia do evento, analistas avaliam os destaques e os desafios a serem enfrentados pela indústria
No fim do quarto e último dia do evento, analistas avaliam os destaques e os desafios a serem enfrentados pela indústria
Taís Farias
2 de julho de 2021 - 6h03
Nesta quinta-feira, 1º de julho, chegou ao fim o quarto e último dia da edição 2021 do Mobile World Congress (MWC). Para ajudar a pensar quais temas e anúncios foram destaque do evento, a GSMA reuniu Dino Flore, vice-presidente de tecnologia da Qualcomm Europa, Ronny Haraldsvik, CMO & business development da Cohere Technologies, Eugina Jordan, vice-presidente de marketing da Parallel Wireless, e Nicolas Zibell, chief business officer da KaiOS Technologies
Além de debater os acontecimentos do evento, o painel também tinha como objetivo servir de termômetro sobre a primeira edição híbrida na história do MWC. Os participantes trouxeram experiências pessoais sobre a edição. “Participo há 19 anos do MWC e, pela primeira vez, tive essa experiência digital”, comentou Ronny Haraldsvik. “O que eu, particularmente, senti falta foi de ver a indústria”, compartilhou a vice-presidente de marketing da Parallel Wireless. Mas, se as ausências deixaram uma marca, o destaque dado para as startups foi um contraponto. Nicolas Zibell se disse feliz com o grande número de novas empresas. “Você vê inovações, entusiasmo e pessoas querendo fazer as coisas de forma diferente”, opinou o executivo.
Desafios e infraestrutura
Para os painelistas, o grande foco da edição esteve não nos devices, mas nas mudanças em infraestrutura. Essas transformações estariam sendo exigidas, em parte, pelo avanço do 5G, abrindo espaço para a virtualização e o OpenRAN (redes de acesso abertas). “Se for preciso citar tendências que realmente puderam ser observadas no evento, eu apontaria as de infraestrutura”, disse Dino Flore, vice-presidente de tecnologia da Qualcomm Europa. “Isso é grande porque está mudando o status quo da indústria”, avaliou Nicolas Zibell, chief business officer da KaiOS Technologies.
Os painelistas também foram categóricos ao apontar os desafios que a indústria precisa enfrentar e destacaram as desigualdades agravadas pela pandemia da Covid-19. “Um ponto do qual nós não falamos é que a exclusão digital não está regredindo. Continua existindo uma parte da população do mundo que não tem acesso à conexão”, opinou o CBO da KaiOS. “O gap de conectividade não é só um gap de cobertura”, completou o executivo, lembrando que internet e devices também precisam estar acessíveis.
A abordagem do 5G também foi alvo de questionamentos. “Não acho que a indústria fez um trabalho bom o suficiente separando as experiências do 4G e do 5G em casos de uso”, disse Ronny Haraldsvik, apontado a necessidade de integração. Essa demanda também deveria ser observada nos debates envolvendo o 6G. “O 5G é desafiador porque, hoje, é apenas um pouco melhor do que o 4G. Muitos cases que as pessoas achavam interessantes no passado, agora, estão sendo movidos para o 6G”, explica Eugina Jordan. “O ecossistema precisa evoluir como um todo”, conclui a executiva.
Veja também
Home office e casas conectadas ampliam oportunidades das teles
Pesquisa da Lenovo apontou que apenas 50% dos profissionais em home office têm ferramentas necessárias para serem produtivos dentro de casa
GSMA: conexão reformula hábitos de consumo
Estudo da organização que representa os interesses das empresas do setor de telecomunicações ao redor do mundo reforça o potencial do 5G no ganho de produtividade e eficiência das indústrias