Intel e a ambição das techs na saúde
Mudanças na regulamentação do teleatendimento ajudaram a interação entre saúde e tecnologia avançar durante o último ano
Mudanças na regulamentação do teleatendimento ajudaram a interação entre saúde e tecnologia avançar durante o último ano
Taís Farias
28 de junho de 2021 - 6h03
Na sua última edição, em fevereiro de 2019, o Mobile World Congress (MWC) já destacava o potencial disruptivo da interação entre empresas de tecnologia e telecomunicações com o setor da saúde. Nesse intervalo, a pandemia, motivo pelo qual o evento não foi realizado no ano passado, potencializou a necessidade de digitalização e conexão no ambiente da saúde. No contexto de crise, as techs se aproximaram desse universo e descobriram caminhos de democratização e geração de negócio.
(Crédito: FatCamera/iStock)
A Intel foi uma dessas empresas. Especialista em inteligência artificial (IA) da companhia, Igor Freitas explica que a pandemia representou mudança na regulamentação do setor da saúde, abrindo espaço para a telemedicina, por exemplo. Somado à grande oferta de softwares e dispositivos e a tendência de conexão, isso abriu espaço para que o mercado da saúde buscasse as empresas de tecnologia. Para o executivo, o contexto de crise também foi o responsável por encerrar a cultura de dúvida. “Quebrou um paradigma tanto para as pessoas quanto para os profissionais médicos”, explica Freitas.
Com a demanda criada pela pandemia, o teleatendimento foi o segmento que mais avançou. Aliado a parceiros, a tecnologia Intel ajudou a desenvolver equipamentos capazes auscultar o pulmão e controlar a oxigenação de maneira remota, auxiliando nos diagnósticos e na não proliferação do coronavírus. A saúde esportiva também desponta na conexão com a tecnologia, explorando a coleta de dados e geração de insights.
O capital humano foi fator-chave. “Houve intensificação para habilitar esses parceiros na área de saúde e dar suporte para o cliente final, como os hospitais”, diz o executivo. Apesar dessa interação representar potencial de geração de negócios, na pandemia, o investimento das empresas de tecnologia na área da saúde também teve caráter social. A Intel, por exemplo, anunciou em abril que vai destinar US$ 20 milhões globalmente em ações de saúde, educação e recuperação econômica. “O link entre tecnologia e combate à pandemia foi comprovado”, aponta Freitas.
Soluções brasileiras
De todas as transformações possíveis a partir dessa conexão, o executivo destaca uma aplicação que já é acessível para a realidade brasileira: “A tendência é usar IA para fazer com que essas informações virem ações por parte do poder público e das empresas privadas de saúde”, explica. Essa mudança passaria pela virtualização dos prontuários médicos, que podem ser hospedados em nuvem. A partir disso, é possível usar IA para reconhecer padrões e sugerir ações. Freitas defende que o Brasil já conta com dados, além de empresas e startups, preparadas para promover uma mudança como essa.
Em parceria com o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, o Incor, da FMUSP, a Intel desenvolveu seu case brasileiro de inovação em saúde. Juntos, inauguraram o Andar Digital Incor, espaço para experimentação de novas tecnologias com soluções de processamento de dados sem fio. Em dezembro do ano passado, foi realizado o primeiro caso do andar, com a aplicação de realidade virtual (VR) para planejamento pré-cirúrgico em irmãs gêmeas siamesas que estavam ligadas pelo peito.
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