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Os segredos (nem tão secretos) da Netflix

No MWC, o CEO Reed Hastings falou sobre a história da marca e sobre como toma decisões no dia a dia


28 de fevereiro de 2017 - 14h38

Ah, a Netflix. Considerada a marca mais amada do mundo – não deve parecer surpresa para você. Afinal, como usuários, lembramos como ela salvou aquele fim de semana de gripe. E toda novo lançamento com sacadas brilhantes, como a Xuxa anunciando a próxima temporada de Stranger Things . E aquele documentário incrível que veio nas suas recomendações? É para amar mesmo.

E como profissionais de mídia e comunicação, admiramos a plataforma e sua consistência nos canais de mídias sociais: mensagens rápidos, astutas e humanas, que assumem posicionamentos fortes como a causa gay. A Netflix é uma entre as empresas que mudam o seu modelo de negócio rapidamente e têm a audácia de desafiar as regras do jogo em um ecossistema de grandes players, onde “sempre foi assim”.

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Uma das vantagens de se estar em lugares com o World Mobile Congress é ter o CEO logo ali em frente, para um tête-à-tête para falar do negócio. Esta segunda-feira, 27, Reed Rasting sentou ao lado de Francine Stock, da BBC, para contar um pouco de sua história e sobre como toma decisões no dia a dia.

Ele deixou alguns aprendizados que nos possibilitam entender a mente por trás da empresa.

O mindset da Netflix é global

Disponível em nada menos que 190 países ao redor do mundo, a Netflix pensa em lançamentos globais. O conteúdo é disponibilizado ao mesmo tempo, quebrando o ciclo estreia em bola de neve que antes demorava meses de Hollywood ao Cazaquistão. Onde a Netflix mais cresce é exatamente nos países que estão entrando na internet “mobile first”, como vários na África ou mesmo a Índia.

Isso trouxe desafios para o próprio modelo de produção do entretenimento: com 100 milhões de usuários, criar conteúdo adequado para vários países é uma tarefa árdua. “Narcos” é exemplo de uma produção francesa, sobre uma história colombiana, com um protagonista brasileiro, e falado em dois idiomas. Outro exemplo que Reed citou é o brasileiro “3%”, sucesso nos EUA e na Europa. Hastings diz que a empresa olha “menos para Hollywood, e sim para a produção de filmes na Turquia, na Coréia, no Japão, etc”.

O sucesso do nicho

O modelo de monetização para o conteúdo é o de cauda longa. O sucesso da companhia não remete aos blockbusters, mas à quantidade de nichos que a Netflix soube identificar. O fetiche de muitos por filmes dark noruegueses, por exemplo, tem se espalhado pelo mundo.

Experiência centrada no usuário 

A experiência do usuário sempre foi prioridade. Até por isso, é um dos poucos serviços cujo cliente paga pelo próprio conteúdo, que não é sustentado por publicidade. A experiência também esteve no centro quando decidiram incentivar o binge watching, disponibilizando todos os capítulos de uma vez para que o cliente decidisse quando e como assistir. “Na verdade, retomamos os hábitos de anos atrás: quando o livro era bom, ficávamos acordados até descobrir o que acontecia com o personagem. Da mesma forma, apenas, devolvemos o poder de decisão para o consumidor”, disse Reed.

Esta também é a solução quando se fala sobre concorrência, seja ela direta ou indireta. Para combater a pirataria, por exemplo, a solução foi entregar um produto melhor. Se o usuário tem acesso a conteúdo de forma mais conveniente, com recomendações, por que iria fazer download ilegal de conteúdo?

A resposta é a mesma quando perguntam a ele sobre a concorrência de outros players. Reed afirma que seus concorrentes estão fazendo um ótimo trabalho – caso do YouTube Red (canal sem propaganda já disponível em alguns países), Amazon Prime videos (que inclusive começaram a fazer conteúdo próprio), e o BBC iPlayer, além das inúmeras redes locais. Reed acredita que é um “bolo total” de empresas que tende a aumentar, mas que a Netflix deve continuar crescendo ao confiar na experiência do cliente.

Outro exemplo de foco no usuário foi a recente atualização do site, que permite ao usuário fazer o download das séries. Afinal, não é sempre que streaming está disponível, como no avião, por exemplo.

Eles estão preparados para mudar toda hora

Reed Hastings sabe que as próximas grandes mudanças tecnológicas podem afetar o
mercado. “Estamos apenas começando, não sabemos como vamos levar entretenimento para as pessoas daqui a cinco anos, e isto é o mais legal”, disse.  Foi desta forma que decidiram ir dos CDs na porta de casa para o streaming. Contudo, não é só o formato da distribuição que está em jogo. A Netflix pode mudar a forma, a produção e formatos de entrega a qualquer momento.

O CEO acredita que provavelmente a inteligência artificial terá um impacto gigante na indústria, e a empresa está acompanhando as mudanças e se preparando para eventuais mudanças. “Pode ser que iremos para realidade virtual, sim, ou pode ser uma lente de contato, como em Black MirrorSó não sabemos ainda se vamos usar AI para entreter as pessoas ou vamos ter que entreter as máquinas”, brinca.

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