Segurança na internet é como velho oeste
A comparação surgiu em painel do MWC que discutiu a aplicação de blockchain para tornar a conexão de objetos em IoT um sistema mais confiável
A comparação surgiu em painel do MWC que discutiu a aplicação de blockchain para tornar a conexão de objetos em IoT um sistema mais confiável
Igor Ribeiro
26 de fevereiro de 2018 - 14h53
Quanta gente já não foi enganada por fraudes digitais? Quantos consumidores compraram um celular num e-commerce e receberam um tijolo no lugar? Ou ainda, quantas toneladas de dados online já não foram sequestrados por hackers, que exigiram milhões de dólares em resgate? Sem falar em desvios de dinheiro, assaltos a carteiras virtuais, roubo de conteúdo íntimo com finalidade de chantagem e distribuição de notícias duvidosas com intuito de dinamitar a reputação alheia… Segurança digital é um assunto da maior preocupação da indústria e no Mobile World Congress não poderia ser diferente.
Apesar da participação de dezenas de grandes anunciantes e da exposição de produtos focados no consumidor final, o MWC é um evento cujo tema dorsal — assim como é na própria internet, de modo geral — é a infraestrutura. Redes de dados e telefonia, internet via rádio, small cells e 5G, aplicações de backend e outros assuntos, além do ecossistema relacionado, dominam grande parte das discussões e stands da feira de exposição. Pautas como conteúdo, publicidade e marketing têm presença relevante, mas quase sempre relacionados à infraestrutura.
A indústria da comunicação já possui as próprias conferências globais. As marcas vêm a Barcelona, contudo, por haver aqui a oportunidade de debaterem e estudarem temas também essenciais à sua sobrevivência. E num mercado em que as intenções da relação com o consumidor têm sido colocadas à prova o tempo todo, ciber-segurança é um tema de infraestrutura essencial e muito presente no MWC.
O painel “IoT Security & the Blockchain”, um dos primeiros da manhã desta segunda-feira, 26, expôs o problema em sua conexão com a internet das coisas (IoT), conceito extremamente valorizado hoje pelo mercado em consequência do investimento que empresas têm realizado para conectar objetos à internet. Moderado por Ian Hughes, analista da empresa de pesquisa 451 Research, o painel explicou como a tecnologia de blockchain pode ser a ferramenta definitiva para fazer da cadeia de IoT um sistema seguro, principalmente na área de Business Relationship.
Uma solução nesse sentido se faz necessária porque não existe, hoje, um modelo confiável de troca de informações entre sistemas e no estabelecimento de contratos entre diversas empresas da cadeia. “A segurança na internet hoje parece um pouco o velho oeste”, falou Paul Williamson, vice-presidente da Arm, uma das líderes no desenvolvimento de tecnologias para segurança em IoT e expositora no MWC. “Mas não há um xerife que vai entrar na cidade e garantir a segurança geral. Todos têm responsabilidade”, complementou.
Para Erin Linch, VP da Syniverse, empresa que fornece estratégias de ciber-segurança, IoT e blockchain para empresas, o tema é tão delicado que o ideal seria fortalecer redes privadas para trocas de informações entre dispositivos conectados. “É incrível que tenhamos chegado tão longe com uma internet pública”, disse. “Empresas realizando transações financeiras enormes, trocando informações sobre grandes contratos, enviando dados para regulamentação governamental… Tudo muito delicado para redes públicas, então é urgente a criação de redes privadas alternativas.”
Para conectar dispositivos de maneira segura é essencial que tenham identidade, espaço para criação de registros em smart contracts e tempo de elaboração
Integrado ao ecossistema do qual a Arm faz parte, o consórcio Trusted IoT Alliance foi criado há pouco mais de um ano para reunir, debater e endereçar soluções para conectar objetos, casas, carros e celulares com segurança. Anoop Nannra, head de blockchain na Cisco é também conselheiro da Trusted IoT Alliance e explicou que a iniciativa está em fase inicial de implantação, reunindo dados de empresas interessadas para gerar um protocolo de segurança válido para a internet das coisas. “Para conectar dispositivos de maneira segura é essencial que tenham identidade, espaço para criação de registros em smart contracts e tempo de elaboração”, afirmou Anoop. A entidade espera anunciar um sistema robusto de segurança em blockchain até 2020.
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