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Porque telecom vai virar digital teleservices

Daqui há uns cinco anos, no máximo, chamar o setor de telecom de telecom estará tecnicamente equivocado


21 de fevereiro de 2018 - 11h41

As empresas de telecom terão já passado a barreira de serem apenas empresas de infra-estrutura de telefonia, em que viabilizam a operação de dados e voz no mundo no setor das comunicações, para terem se transformado em empresas provedoras de serviços digitais, que inclui comunicação (e não comunicações, que é do mundo de TI), entretenimento, vendas, relacionamento e dados. Teleserviços. Ou melhor ainda Digital Teleservices.

É sobre isso, no fundo e a fundo, que vai se debruçar o próximo Mobile World Congress, que se realiza em Barcelona entre 26 de Fevereiro e 2 de Março.

E é essa a razão para você, meu caro(a) leitor(a), acompanhar com muita atenção o que vai rolar lá.

Se você está me lendo aqui, você é, muito possivelmente, um profissional (ou estudante) de marketing e/ou comunicação. E pode até imaginar que o o MWC é um evento que fala apenas de aspectos técnicos do setor, mas lhe asseguro que se, de fato, uma parte dele, vou chutar aqui … tipo 1/3, é de fato voltado para esse tipo de discussão, a grande maioria não é. E essa grande maioria tem diretamente a ver com a sua vida profissional.

No MWC 2018 será discutido, por exemplo, como as empresas de telecom seguirão sua trilha no mundo da comunicação e da mídia (tudo a ver com o mundo das marcas e das agências), como enfrentarão e monetizarão o universo OTT (ou seja, a distribuição de conteúdo que se dá via internet, que de novo, envolve marcas e pode envolver agências), que tipo de serviço digital as empresas irão oferecer a seus usuários, incluindo aí, por exemplo, entretenimento e vendas (de novo, áreas de interesse do nosso setor), como vão se utilizar de recursos que nossa indústria também está aprendendo a usar, como os assistentes de voz e chatbots, e também AR/VR (nossos novos amiguinhos digitais) ou ainda como monetizarão a Internet das Coisas, tema que estará na nossa cabeça de marqueteiros e comunicadores de agora em diante, a toda hora.

Dá quase pra dizer que seremos, em muito breve, um setor só, em que não conseguiremos mais ver as fronteiras entre marketing, comunicação e tele …. bem, por enquanto, telecom.

Uma pesquisa reveladora da transformação em curso

Ampla pesquisa divulgada pelos realizadores do encontro, a GSMA, e efetuada junto a milhares de players do setor de telecom em todo o mundo, sob o título que já conta boa parte da história … “Digital Transformation: The Clock is Ticking”, revela a principal preocupação de todos, que essencialmente é ver sua indústria deixando de ser de infra para ser de digital services.

O impacto disso, para eles, é gigante (e vai impactar todos nós como um murro na cara), porque estamos falando de usar o poder transformador ainda desconhecido do 5G, a serviço dos serviços. Isso vai mudar nossa vida como cidadãos e usuários e vai mudar todo o perfil da indústria.

Para as teles isso significa mudar de indústria (algo que está se passando também com a indústria do marketing e da comunicação). Mudar totalmente sua infra-estrutura técnica e tecnológica. Incorporar o digital de ponta a ponta da cadeia e top-down. Desenhar modelos de negócio novos, trazendo uma receita que lhes era marginal, mas que vai ganhar em peso e que virá dos anunciantes e da mídia.

Entre as perguntas que a pesquisa fez aos players do setor, esteve, por exemplo: Quais ofertas de novos produtos serão parte do seu foco estratégico de agora em diante? Veja gráfico abaixo.

Os caras passam a estar preocupados com IoT, conectar digitalmente as pessoas, monetizar dados, oferecer serviços financeiros, além de conteúdo on demand, como Video, Mobile TV e Música.

Gente, é outro mundo, outra indústria.

Quer ver mais?

Para a pergunta de como vão engajar seus públicos com suas novas ofertas, os caras mandam lá Uatz (que é um serviço de comunicação de voz e dados que dribla a estrutura de rede das teles), Alexa e Siri, além de AR/VR. Ou seja, os mesmos instrumentos que as marcas em geral estão tendo que usar para ir em busca de captação, retenção e relacionamento de uma base de dados de consumidores e usuários.

A indústria enfrentará, como nós, e juntamente conosco, o desafio de entender, conhecer, usar e ficar cada vez mais íntimos de recursos tecnológicos como AR/VR, blockchain, machine learning e deep learning, entre outros. Veja abaixo.

OTT, um capítulo (bem importante) à parte

Parte relevante da indústria telecom enfrenta hoje problema de rentabilidade. Seus investimentos permanentes em infra-estrutura drenam a receita que geram de forma assustadora e a conta não anda fechando direito. Isso já há algum tempo.

A chegada do 5G é entendida como a tábua de salvação.

Mas no meio de tudo isso, um dos desafios da nova monetização é evidentemente o conteúdo e como enfrentar o OTT, traduzindo, prioritariamente a Netflix (embora outras já estejam em operação e muuuitas mais virão), que usa o pipe de internet das teles para trafegar seus conteúdos, que arrebatam multidões mundialmente, mas que não paga pedágio para elas.

Pois bem, adianto aqui que, em breve, veremos acordos mundiais de peso sendo fechados entre esses dois setores. Fique de olho.

A pesquisa da GSMA mostra que a indústria se divide entre os que querem se alinhar e se emparceirar com o OTT já existente, e outros que preferem criar sua estrutura proprietária.

Seja como for, estamos falando do mundo do entretenimento, conteúdo e mídia. Um mundo que conhecemos muito bem.

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